UFRGS deixa de usar animais para treinar estudantes de medicina

SIMONE IGLESIAS-da Agência Folha, em Porto Alegre


Anestesiar animais de rua, na maioria cães, para ensinar
procedimentos médicos como suturas, incisões e punções deixou de
fazer parte da rotina dos professores e alunos de medicina da UFRGS
(Universidade Federal do Rio Grande do Sul).

A direção do curso montou um laboratório para as aulas práticas de
técnica operatória com simuladores plásticos e sangue artificial.

"Queríamos acabar com um problema que sempre existiu nas faculdades
de medicina. Algumas criam os animais para usá-los nas aulas, ainda
vivos. Mas, e depois, o que se faz com eles? Uma eutanásia provocada?
Alguém vai passar a cuidar deles?", questiona o diretor da faculdade
de medicina, Mauro Czepienewski, 53.

Czepienewski diz que os estudantes e professores se deparavam com um
problema moral, de ter que abrir um cão vivo e, em seguida, descartá-
lo.

"Nos víamos diante da questão: acabar com a vida para preservar a
vida. Por isso, passamos a nos dedicar a uma alternativa", afirma.
O projeto custou R$ 300 mil, fora a manutenção dos equipamentos e
reposição de material cujo preço varia de R$ 200 (pele artificial) a
R$ 8.200 (um torso equipado com artérias e veias).

O professor adjunto de urologia e um dos coordenadores do Laboratório
de Técnica Operatória e Habilidades Cirúrgicas, Milton Berger, 51,
afirma que os alunos se sentem muito mais seguros para aprender.

"O novo método tranqüiliza. Muitos tinham pena de treinar em cães. Os
simuladores são mais próximos ao corpo humano, além de acabar com uma
série de implicações morais."

No laboratório, os alunos utilizam braços e pedaços de pele falsos
para aprender a suturar e fazer incisões, além de um torso, onde
fazem punções e colhem sangue (artificial).

Também são realizadas práticas mais complexas, como suturas dos
intestinos grosso e delgado em um material que simula os órgãos a
ponto de a mucosa e a textura serem semelhantes às do corpo.



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